Em pé, ilustrando a janela aberta vemos Aninha. Ela é jovem, usa um vestido preto com estampa discreta, cabelos presos e sorri com muita seriedade. Enquanto os carros e motos atravessam sua vista, ela revela uma certa angústia, como se nos antecipasse no olhar e no punho direito cerrado as palavras decisivas que está prestes a nos dizer. Sua casa tem duas cores, um verde claro aguado na metade de cima e um bege molhado quase areia na metade de baixo que aos poetas, bêbados e às crianças pode dar a impressão de que aquela janela está fincada na beira da praia num dia de sol. À sua frente, vemos um jirau que enfeitado por sua mãe com flores amarelas, especialmente para a poesia, tomou ares de buquê, sua presença enfeita a beleza de Aninha. À direita dela, entre à porta e a janela, vemos aparentemente pendurada, mas verdadeiramente carregada por duas borboletas pintadas à mão, uma placa branca, onde está escrito em letras vermelhas garrafais: Vende-se Geladinho e Geladão, o que reforça minha primeira impressão de que na casa de Aninha, habitam ares de verão.