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Na imagem, vemos acima da porta de madeira com acabamento oval, uma plaquinha azul com uma barrinha branca onde está fincado o número 214. Este mesmo número já deve ter ilustrado os envelopes de muitas cartas endereçadas à esta casa onde agora está Nelcy, dona da voz que desenha esta poesia. Nelcy usa uma camisa em tons de marrom e ocre que destacam ainda mais a sua pele e os brincos que dançam em seus ombros, e seu colar generoso que parece ter sido feito dos pedriscos que rolam pela Chapada Diamantina. Ela se debruça no parapeito da janela e, enquanto espera, escuta os motores e os passarinhos. Em seguida arruma, os óculos no rosto, levanta seu livro e começa sua poesia que, assim como a casa de fachada pintada de verde azulado da moda encontraste com a porta e as janelas de uma madeira antiga, escura esverdeada, nos faz atravessar certas frestas do tempo e num suspiro unem o ontem, o amanhã e o agora e regam nosso único peito com as águas da saudade.  

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Nelcy Freire

- narração de Danielle Andrade -
Saudades
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